O erro dos socorristas em Sepang


Começou a pipocar na internet um vídeo, gravado por um torcedor, que mostra o atendimento a Marco Simoncelli após o trágico acidente que culminou com sua morte em Sepang. Na gravação, é possível ver que os socorristas que o transportaram até a ambulância em uma maca, deixam o piloto cair, fato que tem causado espanto.

Quem levantou a questão foi médico Fabio Venturi, que trabalha com esse tipo de resgate a 25 anos. Venturi enviou uma carta à imprensa italiana destacando os erros no procedimento de socorro ao piloto. Abaixo, reproduzo algumas declarações do médico, extraídas do site Grande Prêmio.

“Marco foi transportado de forma inadequada pela equipe de resgate (...) Em um acidente como este, a ambulância deve ficar na pista e Marco deveria ter sido atendido de acordo com o protocolo: o médico deveria avaliá-lo e então transferí-lo com todo cuidado (...) Não estou dizendo que isso teria salvo a vida dele. Provavelmnete a lesão que tinha dispensava todas as precauções, no entanto, repito, não sou eu quem tenho que julgar, mas o método usado para remover Marco é inapropriado e prejudicial (...) Pessoalmente, eu não transportaria um saco de batatas desta maneira"

Fabio Venturi

Vejo corridas de F1 e da MotoGP no circuito malaio desde 1999, se bem me lembro. E nesse período não me recordo de ter visto nenhum acidente de grandes proporções por lá. Logo, também não me lembro de ter visto o pessoal do resgate em ação. Por isso, não posso afirmar se eles estão ou não bem preparados para agirem em uma situação de emergência.

Mas pelo que mostra o vídeo, pelo que já vi de resgate em outras pistas e em outras categorias e por tudo o que o doutor Venturi disse, parece que não estão. Fica claro que houve um grande erro em todo o procedimento, muito provavelmente por essa falta de experiência em lidar com situações extremas. Sei que o procedimento errado em nada teve a ver com a morte de Super Sic, como frisou o médico. Pelas lesões causadas no impacto, ele não teria como sobreviver, mesmo se fosse resgatado pelos maiores especialistas da face da Terra. No entanto, não se pode transportar ninguém dessa forma tão irresponsável, amadora. Nem se ele já estivesse morto ali mesmo. Nem se, como disse Venturi, ele fosse um saco de batatas.

Imagine se, ao sofrer um acidente, um piloto tenha uma lesão em suas vértebras, ou mesmo no pescoço. Caso o procedimento realizado não seja adequado, com certeza ele terá sua situação agravada, o que pode contribuir para que esse piloto fique ficasse paraplégico.

Fica o aviso de que o procedimento de resgate em grandes acidentes tem de ser levado mais a sério.

São detalhes como esse, que podem passar despercebidos, que acabam causando algo mais grave. Que esse episódio ruim sirva de lição não apenas para que o responsáveis pelo resgate no circuito de Sepang melhorem, mas para que em todos os circuitos do mundo haja mais profissionalismo e cuidado nesse tipo de situação. Não é pedir muito.
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