Circuito de traçado elogiado pelos pilotos, cheio de novidades, com curvas de alta, elevações em uma reta de 1060 metros e outras coisas mais. Parecia que Hermann Tilke tinha acertado a mão. E em um certo ponto, ele acertou. O circuito de Buddh não é ruim. Não tão ruim quanto outros que ele já projetou. Mas a expectativa de vermos uma grande corrida, criada por muitos torcedores após as declarações dos pilotos sobre o traçado, não se concretizou. O GP da Índia foi muito chato.
E a vitória ficou com o campeão da temporada, Sebastian Vettel. Sem ser ameaçado em momento algum, o alemão fez outra corrida magistral. Não há mais o que falar da temporada de Vettel. Creio que todos os adjetivos elogiosos já foram usados para descrever seu ano. Foi soberano hoje, como já havia sido no sábado e como vem sendo na temporada, mostrando que é o melhor piloto da atualidade. Pole, vitória e volta mais rápida, conquistada no último giro, para tirar onda.
E se não há mais como elogiar o alemão, vamos falar de seus incríveis números. Hoje, ele quebrou mais um recorde. Ao liderar todas as voltas do GP da Índia, superou Nigel Mansell como piloto que mais voltas liderou em uma única temporada. Já são mais de 700. E olha que o recorde veio na 44ª das 60 voltas. O recorde do 'Leão', só para constar, era de 1992 e consistia em 692 voltas na liderança. Vettel é um monstro.
E um monstro que ainda pode igualar e superar outros recordes. Caso vença as últimas duas corridas do ano, iguala o feito de Michael Schumacher, que venceu 13 vezes em 2004. Com isso, superaria também outro recorde do heptacampeão, que naquele mesmo ano foi 17 vezes ao pódio. Sebastian teria uma visita a mais ao posto que recebe os três melhores de cada corrida. E se largar mais duas vezes em primeiro, quebra o recorde de poles em uma mesma temporada, pertencente a Nigel Mansell, que em 1992 largou na posição de honra em 14 oportunidades. Vettel, só neste ano, largou 13 vezes em ninguém a sua frente. Alguém duvida que ele alcance mais esses recordes? Eu não.
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| Largada teve pequenas confusões. Ileso, Vettel partiu para sua 11ª primeira vitória nesta temporada |
Sobre a corrida. Não tivemos muitas emoções mesmo, como disse um pouco acima. O traçado do circuito de Buddh é realmente interessante. Mas alguns pontos não favoreceram a disputa por posições. Como possui muitas curvas de alta, fica difícil que os pilotos se mantenham juntos para brigar por posições com mais ação. As melhores disputas aconteceram no meio do pelotão e em pontos isolados, como no fim da maior reta do circuito, onde era possível a utilização da asa traseira móvel. Além disso, a sujeira da pista também intimidou os pilotos.
A largada teve algumas confusões, com um toque envolvendo Rubens Barrichello, Kamui Kobayashi e Timo Glock. Rubinho teve de trocar o bico do carro, após tocar no japonês que, por sua vez, teve um pneu furado e abandonou antes de completar a primeira volta, com problemas de câmbio. Glock também abandonou pouco depois. Ainda nas primeiras curvas, Sergio Perez também perdeu parte da asa dianteira e Jarno Trulli rodou, enquanto Jenson Button passou por Alonso e Webber, subindo para segundo, posição em que seguiria até o fim da prova.
O australiano até tentou dar o troco no inglês nas voltas seguintes. Sem sucesso. Aos poucos, Button foi abrindo uma confortável vantagem, tirando de Webber qualquer chance de incomoda-lo. Discreto, o vice líder do mundial até que tentou se aproximar de Vettel em algumas oportunidades. Nada feito. Restou a ele então fazer mais uma daquelas corridas sólidas e consistentes a que já está acostumado. Ele tem sido, realmente, o melhor do resto. Faz uma temporada irretocável.
No meio do grid, Bruno Senna foi presa fácil das duas Toro Rosso, a quem o brasileiro tinha ultrapassado na largada. Sem KERS, não houve como ele se defender de Alguersuari e Buemi, caindo para 12º.
Nada de muito relevante acontecia, quando os pilotos começaram a parar para o primeiro pit stop. Sem mudança de posições na frente, algumas coisas começaram a mudar aos poucos. Quinto e sexto, respectivamente, Felipe Massa e Lewis Hamilton, que faziam provas discretas, começaram uma pequena disputa. Hamilton, que passou o primeiro stint longe do brasileiro, começou a se aproximar e a tentar ultrapassar Massa. Muita gente começou a lembrar dos entreveros que os dois tiveram durante a temporada. Um filme começou a passar pela cabeça dos fãs. E ele se tornou realidade. Na curva 4, Lewis forçou por dentro. A curva era para a esquerda e o inglês tinha a possibilidade de passar Felipe. No entanto, o brasileiro tinha meio carro a frente e fez o contorno da curva como se não houvesse ninguém ao seu lado. E o choque foi inevitável, proporcionando o único momento menos sonolento da prova.
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| Careta do ator Rowan Atkinson após acidente entre Hamilton e Massa foi a melhor cena do GP da Índia |
Acompanhando a corrida dos boxes, o ator Rowan Atkinson, o eterno "Mr. Bean", fez uma careta. Lance mais pitoresco da etapa. Sim, novamente os dois bateram. Logo hoje, quando pareciam ter feito as pazes pouco antes do minuto de silêncio dedicado às memórias de Dan Wheldon e Marco Simoncelli. Hamilton falou algo para Massa e ambos riram.
Ao meu ver, foi um acidente de corrida. Lewis forçou um pouco a barra, e verdade. Felipe também não aliviou, claro. O choque poderia ter sido evitado por ambos. Ficou a impressão de que o brasileiro não viu o inglês, algo parecido como o que aconteceu entre os dois no Japão, em um toque antes da chicane que leva à reta do circuito de Suzuka. Porém, Felipe deu uma olhada no retrovisor sim. O fato é que ambos saíram prejudicados.
Hamilton teve de parar para trocar a asa dianteira. Massa, além de ter saído da pista, foi considerado culpado pelos comissários e tomou um drive-through. E a situação do brasileiro só piorou depois. Sozinho, entrou forte em uma zebra e quebrou a suspensão dianteira esquerda de sua Ferrari, tendo de abandonar. Erro semelhante ao cometido ontem, no Q3, quando, no mesmo ponto, teve o mesmo problema. Atacou demais a zebra e quebrou a suspensão dianteira direita. Para Hamilton, a corrida, a partir desse lance, também acabou, com ele terminando apenas em sétimo.
Abre-se a segunda janela de pits. E a Ferrari, com Alonso, dá o pulo do gato. O espanhol consegue superar Mark Webber e sobe para terceiro. E atrapalhado pelo tráfego, o australiano pouco pôde fazer para, pelo menos, tentar recuperar a posição. Só no final ele deu uma ameaçada, mas já era tarde. Alonso, que segue andando muito mais do que a Ferrari lhe proporciona, consegue mais um pódio, enquanto Webber se distancia da briga pelo vice.
Quem também soube aproveitar bem a estratégia de pit foi Schumacher. Largando em 11º, o alemão fez uma bela largada e acertou na tática de corrida. Foi recompensado com um quinto lugar, logo a frente de seu companheiro, Nico Rosberg. Certamente foi um dos destaques da prova.
Outros pilotos que também chamam muito a atenção são Jaime Alguersuari e Sergio Perez. O espanhol mostrou muita regularidade novamente para terminar na oitava posição. Tem frequentado a zona de pontuação e feito belas corridas. Muito combativo. Foi o oitavo hoje. Já Perez, que largou em 20º, após ser punido, terminou em décimo. Fez uma estratégia diferente, largando com os pneus duros, muito ruins para essa pista, trocando para os macios logo nas primeiras voltas. Com isso, cumpriu a regra e pôde conquistar várias posições até chegar na zona de pontuação. Ele tem sido melhor também do que seu companheiro nas últimas provas, o que sempre motiva um piloto. Ente Alguersuari e Perez, ficou Adrian Sutil, que levou a Force India aos pontos, em casa.
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| Vettel bateu recorde de mais voltas lideradas em um ano. Alguém dúvida que ele bata mais recordes? |
Não se pode deixar de destacar novamente o bom desempenho da Lótus com Heikki Kovalainen, 14º. O time malaio ficou novamente à frente da Williams, o que sugere uma evolução da equipe. Se seguirem nesse desenvolvimento, poderão surpreender em 2012.
O pódio de hoje, curiosamente, traz os melhores pilotos da temporada, na ordem.
Restam agora duas provas para o fim do campeonato. Fica a expectativa apenas para saber quem será o vice e se Vettel conseguirá quebrar os recordes que ainda pode. Foi o que sobrou...
Resultado final do GP da Índia
1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 60 voltas
2º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 8s4
3º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 24s3
4º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 25s5
5º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 1min05s4
6º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1min06s8
7º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 1min20s1
8º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
9º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 1 volta
10º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1 volta
11º. Vitaly Petrov (RUS/Lotus Renault), a 1 volta
12º. Bruno Senna (BRA/Lotus Renault), a 1 volta
13º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1 volta
14º. Heikki Kovalainen (FIN/Team Lotus-Renault), a 2 voltas
15º. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 2 voltas
16º. Jérôme D'Ambrosio (BEL/Marussia Virgin-Cosworth), a 3 voltas
17º. Narain Karthikeyan (IND/Hispania-Cosworth), a 3 voltas
18º. Daniel Ricciardo (AUS/Hispania-Cosworth), a 3 voltas
19º. Jarno Trulli (ITA/Team Lotus-Renault), a 5 voltas
Não terminaram
Felipe Massa (BRA/Ferrari), na volta 33
Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), na volta 25
Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), na volta 13
Timo Glock (ALE/Marussia Virgin-Cosworth), na volta 3
Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), na volta 1
Fotos: GPUpdate,net e Reprodução
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