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Foram 19 temporadas, com 326 GPs disputados, recorde absoluto na categoria, 11 vitórias, 14 pole positions, 17 voltas mais rápidas, 68 pódios e 658 pontos conquistados, sendo os primeiros no GP do Japão de 1993, sua 15ª corrida na F1, e os últimos no GP do Canadá de 2011. Esse é um pequeno resumo do currículo de Rubens Barrichello na F1.

Campeão paulista e brasileiro de kart, e também da Formula Opel e da Formula 3 inglesa, Rubinho estreou na F1 em 1993, aos 20 anos, com status de grande promessa do automobilismo brasileiro. E mesmo em uma equipe pequena, mostrava muito potencial. Logo em sua 18ª prova, conquistou seu primeiro pódio, no GP do Pacifico de 1994, em Aida pilotando uma pequena Jordan.

Contudo, Rubens mal pôde comemorar seu primeiro grande resultado na F1. Logo depois do GP do Pacifico, ele tomou, talvez, o grande susto de sua carreira. E deu um passo que marcaria sua carreira. Durante os treinos livres para o GP de San Marino de 1994, um grave acidente quase lhe tirou a vida e acabou lhe resultando um braço e o nariz quebrados. Sem poder correr, Barrichello viu, de Londres, onde morava, os acidentes fatais de Roland Ratzemberger e de seu ídolo, Ayrton Senna.
GP do Brasil, em Interlagos, foi a última corrida de Rubens Barrichello na F1.
Tomado por um sentimento, talvez devido a sua imaturidade e juventude, de querer levar alegria ao torcedor brasileiro, após a morte de Senna, Rubinho tentou tomar pra ele a condição de grande representante do país na F1. E pagou por isso. Por mais que conseguisse bons resultados em equipes pequenas como Jordan e Stewart, a falta de um triunfo, a falta do tema da vitória nas transmissões globais, incomodava a torcida, que não perdoava. Rubens virou motivo de chacota.

Eis que, no fim de 1999, surgem duas propostas: McLaren e Ferrari gostariam de contar com Rubinho. As duas maiores equipes da F1 naquele momento queriam o brasileiro. E ele dá o segundo passo decisivo em sua carreira, optando por Maranello. Na escuderia do cavalinho rampante, em seis temporadas, ele venceu, fez poles, foi ao pódio inúmeras vezes, conquistou dois vice campeonatos... enfim, teve sucesso, conseguindo muito mais do muitos pilotos. Porém, ele ganhou o estigma de segundo piloto, de loser, de capacho. Tudo porque, durante o GP da Áustria, abriu passagem, em cima da linha de chegada, para que Michael Schumacher vencesse, em um dos capítulos mais ridículos da história da F1. Tudo porque na Ferrari, quem deveria vencer o alemão, que na realidade era melhor de sua geração. Na Ferrari foi assim. Rubens era o segundo piloto, ou 1B, como ele mesmo definiu. Não tinha chances e não era tão bom como o cara que ganhou sete títulos.

Cansado da Ferrari, ele foi para a Honda, onde teve uma boa temporada e duas fraquíssimas. Correu o risco de ter de se aposentar contra sua vontade, concorrendo justamente com Bruno Senna por uma vaga no espólio da Honda, adquirido por Ross Brawn, um de seus chefes na época da Ferrari. Barrichello ganhou uma nova oportunidade e, de quebra, uma nova chance de ser campeão, já que o carro era espetacular. Mais vitórias (inclusive a centésima do Brasil na F1), poles e pódios. Mas o título não veio. Acabou nas mãos de seu companheiro, Jenson Button.

Ross Brawn, campeão com sua nova equipe, a vendeu para a Mercedes e lá foi trabalhar. Button, campeão do mundo, foi para a McLaren. E Rubinho, acabou na Williams, fazendo até um bom trabalho em 2010. Entretanto, com um carro ruim, pouco fez em 2011 e viu-se ameaçado novamente no fim da temporada, outra vez por Bruno Senna. E ontem, 16 de janeiro de 2012, veio a noticia que desta vez, Barrichello havia perdido a vaga.
Após 19 temporadas, Rubens Barrichello não estará alinhado no grid da F1 a partir do GP da Austrália
Apesar de Rubens ainda demonstrar vontade de permanecer na categoria, não o veremos alinhar no grid de 2012. Não no início da temporada, pelo menos. Em uma F1 onde o dinheiro é cada vez mais necessário para se completar a verba das equipes, os pilotos ditos 'pagantes' acabam levando vantagem. 

Há ainda uma vaga em aberto na Hispania, contudo, não acho que ele a aceitará. Pode ser também que apareça uma possibilidade no meio da temporada, uma vaga em substituição a alguém que não esteja bem. Nos últimos anos temos visto esse tipo de coisa acontecer com frequência. Mas não é nada certo e ainda assim, uma possibilidade remota, já que ele luta com outros pilotos que dispõem de dinheiro.

Agora, creio que Rubens deverá mudar seu foco, começando a pensar no que fazer daqui pra frente. Indy, Stock Car, Endurance... há um bom leque de oportunidades para um piloto que ainda tem 39 anos e que mostra estar disposto a fazer aquilo que ama.

Carreira e chances de Rubinho postas, ainda cabe espaço para opinião. Nunca fui fã de Barrichello e acho que ele conduziu mal sua carreira em certos momentos, às vezes falando e reclamando mais do que devia ou como nessa história da aposentadoria. Ele poderia ter encerrado sua carreira com uma festa, em casa. Contudo, ele tem todo meu respeito, por toda sua história, seus resultados e sua vontade demonstrada ao longo de tantas temporadas. Não deve ser fácil tomar a decisão de parar de fazer aquilo que lhe dá prazer.

Rubinho fez um grande trabalho na F1 e muito provavelmente será lembrado como o piloto que mais GPs disputou. Um ou outro falará, "é, mas ele nunca foi campeão". Sim, faltou o título, que serviria para coroar sua obra na categoria máxima do automobilismo. Mas é um mero detalhe em uma carreira vitoriosa. Não é nenhum demérito, nenhum crime, ser vice campeão, segundo colocado. O importante é que, durante sua carreira, Rubens sempre foi profissional e lutou por seu lugar de forma honesta. Tanto que é um cara querido no meio da F1.

Desejo sorte a ele em suas próximas empreitadas. Que ele obtenha tanto sucesso quanto na F1. Pode não parecer, mas ele é sim um vencedor.

Foto: GPUpdate.net
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