E começaram as movimentações no mercado de pilotos da MotoGP. Com o anúncio, no fim de semana da etapa de Laguna Seca, de que não permaneceria na Ducati em 2014, Nicky Hayden abriu uma vaga na equipe italiana. Só que o pessoal da Ducati agiu rápido e anunciou hoje a contratação do bom inglês Cal Crutchlow, que deixa a Tech 3 Yamaha para buscar voos mais altos, por dois anos. Entretanto, o time satélite da Yamaha não deixou por menos e também já fez o anuncio do substituto do britânico: o espanhol Pol Espargaró, que já vinha negociando com a Yamaha , assumirá o lugar de Crutchlow.
Crutchlow e a decisão de ir para a Ducati
Cal Crutchlow, enfim, vem fazendo uma temporada mais consistente na MotoGP. O inglês, campeão da Supersport em 2009 e com passagem pela Superbike, em 2008 e 2010, sempre com a Yamaha, chegou à MotoGP com status de boa promessa, especialmente para o motociclismo britânico. Contudo, somente neste mundial ele vem conseguindo ter um desempenho mais constante, após dois anos acidentados e de poucos resultados expressivos.
Só para deixar aqui registrados os números de Crutchlow em 2013, em nove provas o britânico conseguiu sete chegadas no top 5, sendo quatro delas no pódio - dois segundos e dois terceiros lugares. Além disso, ele só deixou de pontuar na Catalunha, quando abandonou, (em Laguna Seca, onde foi sétimo). Com essa campanha, Crutchlow se encontra na quinta posição do campeonato, um ponto atrás de Valentino Rossi, quarto. Faz um bom mundial.
Cal Crutchlow será, a partir de 2014, mais um piloto a tentar levar as Desmosedicis da Ducati de volta ao topo |
Números postos, voltemos então à intenção original do post, que é discutir a escolha de Cal em ir tentar a sorte na Ducati. A princípio, vejo como uma decisão precipitada por parte do inglês essa ida para a equipe italiana. Explico.
Obviamente não tenho bola de cristal. Logo, não posso cravar que a temporada 2014 do time vermelho será tão ruim como vêm sendo as últimas. No entanto, a julgar o que eles têm feito desde a saída de Casey Stoner, único piloto a dar vitórias e um título - em 2007 - ao time, as perspectivas não são das melhores para Crutchlow.
O britânico terá de enfrentar um grande desafio em ajudar no desenvolvimento das Desmosedicis, motos com as quais ninguém se acerta. E olha que pilotos do calibre de Marco Melandri, Nicky Hayden e Valentino Rossi, os dois últimos campeões mundiais, já tentaram o mesmo, mas sem obter sucesso. Em 2013, foi a vez da Ducati apostar em Andrea Dovizioso (com quem Crutchlow reviverá a parceria de 2012, quando ambos eram pilotos da Tech 3), piloto que se não é o suprassumo da categoria, pelo menos tem a experiência de ter guiado motos das duas principais rivais dos italianos, a Honda e a Yamaha. Mas após um início promissor, o italiano já voltou à dura realidade de andar no meio do pelotão, atrás de motos satélites das fábricas japonesas.
Sabemos que a Ducati, por tudo o que a envolve, tem condições de construir uma moto vencedora. Além do 'know-how' de já ter sido campeã sob a batuta de Stoner, os italianos têm a Audi por trás, o que viabiliza grandes investimentos em suas Desmosedicis. Isso é um começo. Contudo, os italianos parecem perdidos, não têm conseguido dar um rumo ao desenvolvimento de suas motos. Eles não possuem uma linha de evolução e esse é um grande complicador.
Por outro lado, acho compreensível a escolha do britânico. Depois de três temporadas competindo por uma equipe satélite, que por melhor que seja não oferece as mesmas condições que um time oficial, chega uma hora que o piloto quer tentar dar um salto em sua carreira, correndo por um time de fábrica onde, além de se ter vencimentos melhores, há mais investimentos em seu equipamento. É sempre uma chance de se dar um passo adiante em busca daquilo que todos sonham: vencer o campeonato.
Pilotando pela Tech 3, satélite da Yamaha, o inglês tem conseguido resultados mais expressivos do que a dupla da Ducati |
Além disso, se seguisse na Tech 3 esperando por uma chance na equipe oficial da Yamaha, Crutchlow poderia perder muito tempo e estaria sempre limitado ao desempenho de sua moto satélite, por mais apoio que ele viesse a ter um maior apoio por parte da fábrica. Jorge Lorenzo e Valentino Rossi têm contratos com os japoneses para 2014 e estão garantidos em suas posições. Assim, o britânico teria de esperar um tempo - e que ninguém sabe quanto - para tentar chegar ao time principal. Vendo então uma chance de guiar para uma equipe de fábrica passar por sua frente, ele preferiu agarra-la. Faz todo o sentido e por isso, não dá para criticar sua decisão.
Não dá para saber ao certo qual cenário Crutchlow encontrará em 2014 e também não sei se ele possui a experiência suficiente para levar a Ducati a dar um passo adiante, que faça com que eles voltem a brigar de igual para igual com Yamaha e Honda. Pode ser que seu estilo se encaixe com o modelo de 2014 e ele se dê bem. Mas a julgar pelo momento, creio que o inglês acabou trocando o certo pelo duvidoso, apesar de ele ir agora para um lugar que pode lhe dar melhores condições. Vamos ver o que 2014 e a Ducati reservam para o inglês.
Espargaró e sua grande chance
A Tech 3 não perdeu muito tempo e já anunciou quem será o substituto de Cal Crutchlow na equipe. A vaga ficou com o jovem Pol Espargaró, atual vice-líder da Moto 2 e piloto com quem a Yamaha já vinha negociando.
Espargaró tem bons resultados nas categorias menores. Foi terceiro colocado nas 125cc em 2010, ano em que Marc Marquez foi campeão, tendo Nico Terol como vice, e chegou ao vice campeonato da Moto 2 no ano passado, perdendo novamente o título para o fenomenal Marquez. Neste ano, é o segundo colocado do campeonato, com 23 pontos a menos do que o líder Scott Redding, apesar de ter mais vitórias do que o rival: três contra duas.
Isso se explica porque Redding vem fazendo um campeonato mais regular e consistente do que Espargaró. E muita gente apontou as conversas com a Yamaha como principal fator para a perda momentânea de foco do jovem piloto. Talvez agora, com a vida acertada ara 2014, Pol volte a ter foco total na disputa pelo título da Moto 2, o que daria mais moral em sua chegada a MotoGP. Ou talvez ele dê de ombros para a briga, uma vez que já tem seu contratinho garantido. Vai saber.
Pol Espargaró, atual vice-campeão e vice-líder da Moto 2, será a aposta da Tech 3 Yamaha par substituir Crutchlow |
Sobre a escolha da Yamaha, vejo como uma aposta. Pol sempre se mostrou um piloto muito veloz. Não o acho um fora de série, mas creio que ele tenha condições de ter uma boa passagem pela categoria rainha. Claro que ele vai precisar de um tempo. As pistas onde correrá ele já conhece de cor. Mas o equipamento demandará um tempo para que ele complete sua adaptação, como vem acontecendo com seu futuro companheiro na Tech 3, o inglês Bradley Smith, contemporâneo dos tempos de 125cc e Moto 2, mas que subiu um ano antes para a MotoGP. Portanto, não vai dar para cobrar resultados imediatos, acredito. Até por isso, seu contrato é de dois anos.
Para o espanhol, no entanto, essa é uma grande chance. A Tech 3 tem tido boas motos nestes últimos anos o que tem proporcionado a seus pilotos oportunidades de realizarem campeonatos interessantes. É só ver o que aconteceu com Ben Spies, Andrea Dovizioso e agora Cal Crutchlow. Todos andaram bem no time e acabaram indo para equipes de fábrica. Spies teve sua chance na Yamaha. Dovizioso, que já é macaco velho, é verdade, foi para a Ducati, mesmo destino de Crutchlow em 2014. Ou seja, se fizer um bom trabalho, pode ser que dentro de um ou dois anos, Espargaró alcance algo melhor.
Na MotoGP, Pol também terá a chance de andar ao lado e dividir curvas com seu irmão mais velho, Aleix, que vem se destacando com sua Aprilia CRT, conquistando bons resultados.
Não há muito o que dizer. É uma aposta mesmo da Yamaha pensando no futuro. Assim, eles já vão preparando dois pilotos para escolher um deles caso necessitem. É bom lembrar que Valentino Rossi pode estar caminhando para uma aposentadoria. Vamos ver no que dá.
Fotos: MotoGP.com
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