Especial Ayrton Senna 15 anos - Enfim, a F1

Começando a quarta parte do especial Ayrton Senna 15 anos, abordaremos a chegada dele à F1, realização de um sonho do piloto e sua consagração na categoria.

Depois de três anos muito dificeis fora da pista, em um país diferente, longe dos amigos e parentes e vivendo o fim de um casamento, mas muito produtivos em sua carreira, ganhando de forma arrebatadora os campeonatos que disputou e testando por equipes da F1, Ayrton Senna, enfim, chegou à F1.

No início de 1984, Ayrton Senna ainda não tinha propostas concretas para pilotar na F1. Na Lotus, mesmo com a insistencia do chefe Peter Warr em se livrar de Nigel Mansell, os patrocinadores mantiveram o Leão. Na Williams, apesar dos testes fantásticos, Frank Williams preferiu manter Keke Rosberg e Jaques Lattife. Na Brabham, houve o veto de Nelson Piquet. Restou a fraquissima Toleman. E sem opções, Ayrton teria que se contentar com um carro ruim em seu primeiro ano.

Mas mesmo com um equipamento inferior, ele mostrou seu talento, com algumas performances inesqueciveis, como os GPs de Mônaco, Inglaterra e Portugal, ambos com pódio. Ele teve mais dois sextos lugares, em Kyalami e Zolder, segunda e terceira corridas do campeonato. Foram 13 pontos. Mas além do desempenho sensacional em um carro fraco, Ayrton percebeu que deveria se dedicar muito mais, se quisesse dominar a F1. Por isso, começou, junto de seu preparador físico, Nuno Cobra, um programa de condicionamento, a fim de pulverizar a fama de raquitico.

Depois de uma temporada sofrendo com a Toleman, Ayrton chegou à Lotus, equipe tradicional, mas já em decadência, vivendo problemas financeiros. Mesmo contando com motores Renault e com o projetista Gerard Ducarouge, o time não conseguia produzir um projeto capaz de vencer o mundial, apesar de andarem com certa constância na frente. Porém, a chegada de Ayrton trouxe uma nova esperança. O talento do garoto mais as cifras de patrocinadores que poderiam chegar com os bons resultados por ele obtidos, poderiam ser o passaporte para a Lotus voltar aos tempos áureos. Mas não foi isso o que aconteceu. Durante as três temporadas que Senna lá ficou, nada de títulos. Ele até brigou pelo campeonato em alguns momentos, conseguindo boas vitórias, mas não dava para superar McLarens, Williams e Ferraris.

As brigas internas de Ayrton com o chefe de equipe, Peter Warr, também atrapalharam muito, mesmo com o dirigente fazendo de tudo para acatar as exigências do piloto. O fato é que, antes da metade da temporada de 1987, Ayrton já tinha armado, junto com Ron Dennis, aquele mesmo chefe de equipe que nunca mais na vida faria uma proposta a um tal de Ayrton Senna, o contrato que o levaria da Lotus para a McLaren, junto com os motores Honda, que equipavam os carros do time construído por Colin Chapman e que deu o primeiro título mundial do Brasil com Emerson Fittipaldi, em 1972. Mas antes de oficializar sua saída da Lotus, Ayrton foi surpreendido por Warr, que anunciou a contratação de seu maior desafeto, até então: Nelson Piquet, que seria campeão naquele ano pela Williams.

Foi nesse período também que Ayrton viveu, talvez, seu maior constrangimento pessoal. Nos paddocks mundo afora, rolava um papo sobre uma possível homossexualidade de Ayrton, fato desmentido por ele e por pessoas próximas e que teve início em brincadeiras de Alain Prost, que seria seu companheiro de McLaren por dois anos e seu maior rival nas pistas, e pelo desafeto, Nélson Piquet.

Mas tudo isso foi posto de lado, durante uma temporada fantástica em 1988, onde as McLarens de Senna e Prost venceram 15 das 16 etapas. No GP do Japão, uma aula de persistencia e talento de Ayrton, que garantiu o título com uma vitória inesquecível. Nascia ali, um ídolo.

A disputa entre os dois foi tão intensa que criou-se um clima de inimizade tão grande na equipe que, era difícil imaginar mais uma temporada com os dois dividindo atenções na mesma equipe. Mas o difícil se tornou realidade e em 1989, sem o dominio total dos carros vermelhos e brancos, Prost venceu, após uma batida polêmica entre os dois, na chicane que antecede a reta principal do circuito de Suzuka. Senna, que precisava vencer, continuou na corrida e venceu, mas foi desclassificado por ter cortado a chicane. Isso o deixou inconformado, e por muito pouco ele não disputou a temporada de 1990.

Refeito do baque, ele acelerou muito em 1990. mas a Ferrari, com Alain Prost, que não aguentaria mais um ano de brigas na McLaren, dificultou muito o caminho para o bi-campeonato. E foi em Suzuka, novamente, que eles decidiram o título. Na pole Ayrton, do lado sujo da pista. Em segundo Prost, do lado limpo. Largaram e Prost pulou na frente. Mas Senna não tirou o pé. Os dois bateram e o título ficou com Ayrton. Era o bi-campeonato.

Em 1991, Senna correu praticamente sozinho, sem adversários e levou o tri. Mas além do título, ele, enfim, alcançou um objetivo partricular: vencer no Brasil. A corrida foi antológica, com dominio total dele durante 65 voltas. A partir dai, drama. Na volta 66, a terceira e a quarta marchas não entraram. Na volta seguinte, a quinta e a segunda. A sete segundos atrás, a Williams de Patrese tirava diferença, volta a volta. Sem as marchas menores, que davam o torque nas saídas de curva, Ayrton compensou tudo com um enorme esforço físico, para manter o carro no traçado. E valeu a pena. Interlagos veio abaixo com a vitória. A imagem de Senna exaurido no pódio, retrata o que foi aquele GP.

Pulando para a temporada 92, Senna, com um carro pouco competitivo, pouco pôde fazer diante da superioridade das Williams-Renault, de Mansell, campeão e Patrese, vice. Ele ainda perdeu o terceiro posto do mundial para o garoto Michael Schumacher, da Benneton. Mas ele ainda fez provas memoráveis, como em Mônaco, quando segurou o impeto do Leão por sete voltas, com um carro totalmente desequilibrado. O ano de 1992 também marcou o fim do casamento entre McLaren e Honda.

Sem tempo a perder, Ron Dennis foi até a Ford, que só liberou um motor mais fraco que aquele que era fornecido à Benetton. E com todas as dificuldades de propulsores, mas com um carro perfeito no quesito aerodinamica, Senna conseguiu um heróico vice campeonato, com vitórias épicas como no Brasil, em Mônaco novamente e na Austrália, sua última vitória, sendo superado por Prost. Contudo, ele já não estava feliz na McLaren, que passava por dificuldades enormes. Além disso, o relacionamento com Ron Dennis se deteriorava.

Assim, ele transferiu-se para a Williams, em busca do tetra. Era o melhor piloto com o melhor carro. Mas o início não foi nada bom. Pole e abandono no Brasil. Vitória de Schumacher. Pole e abandono no Japão. Nova vitória de Schumacher. Pole em Imola. Sete voltas na liderança, com o alemão em seu encalço. A história parecia que tomava um novo rumo. E tomou, um rumo que ninguém esperava...

Números de Senna na F1

3 títulos mundiais
41 vitórias
65 pole positions
19 voltas mais rápidas
614 pontos

1984 - Toleman - 13 pontos - nono lugar

1 segundo lugar
2 terceiros lugares
2 sextos lugares

1985 - Lotus - 38 pontos - quarto lugar

2 vitórias
2 segundos lugares
2 terceiros lugares

1986 - Lotus - 55 pontos - quarto lugar

2 vitórias
4 segundos lugares
2 terceiros lugares
1 quarto lugar
1 quinto lugar

1987 - Lotus - 57 pontos - terceiro lugar

2 vitórias
4 segundos lugares
2 terceiros lugares
1 quarto lugar
2 quintos lugares

1988 - McLaren - 90 pontos - campeão

8 vitórias
3 segundos lugares
1 quarto lugar
1 sexto lugar

1989 - McLaren - 60 pontos - vice campeão

6 vitórias
1 segundo lugar

1990 - McLaren - 78 pontos - campeão

6 vitórias
2 segundos lugares
3 terceiros lugares

1991 - McLaren - 96 pontos - campeão

7 vitórias
3 segundos lugares
2 terceiros lugares
1 quarto lugar
1 quinto lugar

1992 - McLaren - 50 pontos - quarto lugar

3 vitórias
1 segundo lugar
3 terceiros lugares
1 quinto lugar

1993 - McLaren - 73 pontos - vice campeão

5 vitórias
2 segundo lugares
3 quarto lugares
1 quinto lugar

1994 - Williams - 0 ponto -
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