Corridas Inesquecíveis - F1 - Hockenheim 2000

30 de julho de 2000. Há exatos dez anos o atual recordista de participações em GPs da F1 alcançava um objetivo que perseguia desde sua estreia na categoria em 1993. Naquele domingo, que começou sem chuva em Hockenheim, Alemanha, Rubens Barrichello conhecia a primeira de suas onze vitórias. Em uma corrida épica, cheia de alternativas.

Para começar, o vitorioso não largou nas costumeiras posições da frente. Rubinho saiu do décimo oitavo lugar. Lá de trás, viu seu companheiro e dono da casa Michael Schumacher ser abalrroado por Giancarlo Fisichella logo na largada e sair da prova. Ele era o único piloto da Ferrari, que brigava pelo título, dali em diante. E foi fazendo uma prova de recuperação, o que se esperava de um piloto com um carro tão superior aos dos adversários do fundão.

Eis que um fato inusitado causa uma das bandeiras amarelas da prova: um maluco invade a pista no meio da prova. Esse foi um fato que contribuiu para que Rubinho tivesse chances. Com safety car, ele pôde encostar nos líderes.

Contudo, nenhum outro fator foi tão determinante quanto a chuva que caiu na segunda metade da prova. Não foi um dilúvio, tampouco uma garoa. Foi uma chuva suficiente para que Rubinho pudesse se sobressair, com pneus para pista seca. A chuva, aliada do talento que Rubinho tem, e que todos nós conhecemos, em pista molhada, mais a estratégia da equipe, que contribuiram para a vitória.

E é sempre bom ressaltar que a ideia de continuar na pista foi de Barrichello. A Ferrari estava pronta para recebê-lo e fazer a troca de pneus. Porém, a confiança de Rubinho falou mais alto. E no fim, ele provou estar certo.

Essa foi uma das vitórias mais geniais que vi na F1. Não é qualquer um que sai das últimas posições, faz várias ultrapassagens, chega na zona de pontuação e não se acomoda. Muitos poderiam ficar satisfeitos com alguns pontinhos e alguns tapinhas nas costas elogiosos por sair lá de trás e ainda pontuar.

Naquele dia 30 de julho, Rubinho quis mais. Quis a vitória. Não se contentou com pontos ou um pódio. Ele viu a oportunidade, tomou a decisão e fez o que tinha de ser feito. Poderia ter perdido muito, mas assumiu os riscos. Não teve medo de vencer. E foi devidamente recompensado.



Lembro com clareza da reação que tive na oportunidade. Quando era iminente que ele venceria, quando ficou claro que a primeira vitória de Barrichello tinha chegado, sai feito louco pela casa ligando todas as TVs e rádios que encontrava pelo caminho. Afinal, aquele era um momento histórico, o Brasil voltava a vencer na F1 e todos voltariam a ouvir o tema da vitória, consagrado por Nélson Piquet e por Ayrton Senna. Rojões ecoavam pelo bairro e algumas pessoas, timidamente, buzinavam. O Brasil voltava a ter do que se orgulhar na manhã de um domingo.

E na Alemanha, Rubinho percebeu o quanto era querido no meio, com muita gente o cumprimentando, inclusive Schumacher, em sua chegada aos boxes da Ferrari. E no pódio, além de ouvir pela primeira vez o hino de sua patria no alto de um pódio da F1, os rivais da McLaren Mika Hakkinen e David Coulthard o ergueram, mostrando quem estava no topo daquela vez.

Aquele 30 de julho foi histórico, épico. E vai ficar marcado na memória de muita gente.

Foto: GPUpdate.com
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