Ontem, publiquei um post falando sobre um possível arrependimento de Lewis Hamilton por conta de sua saída da McLaren. A ideia foi oriundo de uma boa entrevista de Martin Whitmarsh ao site oficial da F1. Na oportunidade, foquei apenas na discussão sobre o piloto inglês, campeão mundial em 2008. No entanto, a conversa foi bastante interessante e também girou em torno da escolha do substituto de Hamilton, o mexicano Sergio Perez.
Segundo o chefe da McLaren, a escolha por Perez foi natural e segue com os padrões da equipe de Woking, de sempre trabalhar com pilotos jovens. Ele, inclusive, afirma gostar de trabalhar com jovens pilotos e lembrou que o time teve sucesso com corredores que chegaram por lá cedo, casos de Mika Hakkinen e do próprio Lewis Hamilton. Whitmarsh também falou sobre a pressão que ele e Perez sofrerão, quais as expectativas sobre o garoto em 2013 e o que Jenson Button achou da contratação.
Assim como ontem, irei separar alguns trechos da conversa e depois darei minha opinião. Veremos o que sai. Ao trabalho...
A escolha
Dono de três pódios na temporada (dois segundos lugares, em Sepang e em Monza, e de um terceiro, em Montreal) Sergio Perez foi sem dúvidas um dos pilotos que mais chamou a atenção no ano, demonstrando grande talento. Porém, o mexicano que ainda corre pela Sauber, garantiu seu lugar na F1 graças ao apoio do mega empresário Carlos Slim, seu compatriota, que patrocina o time suíço por meio a poderosa Telmex. Por isso, Whitmarsh explica porque contratou Checo para a temporada 2013. Seria por conta do talento do mexicano, do rico patrocinador ou porque faltaram opções no mercado...
"Eu posso dizer com certeza que ele estará em um dos nossos carros por causa de seu potencial de talento bruto. Acreditamos que ele é o único que pode fazer esse trabalho. É muito excitante desenvolver alguém assim. Seu ano de estreia foi impressionante assim como seu ritmo e os pódios desse ano foram e cair o queixo. Ele tem feito isso em um ambiente onde o talento natural encontrou um bom carro, mas onde não tinha pressão. Você vem para a McLaren e há pressão! Você me perguntou se temos 100% de certeza de que ele é o piloto certo para nós. Pode ser, mas há risco nessa decisão, porque você nunca sabe antes de começar. Mas não estaria fazendo isso se não tivéssemos alguma ideia. Assinamos com ele, estamos lhe pagando um bom salário. Até hoje não tivemos um patrocinador mexicano, nem um peso mexicano até agora. Será que teremos algum: Possivelmente, mas não foi isso o que motivou. As opções eram Paul di Resta e Nico Hulkenberg. optamos por Sergio Perez. Somos muito britânicos, então um pouco de sangue latino seria interessante (risos). Ele não tem sido sempre consistente e talvez ele esteja sendo agressivo demais algumas vezes, mas brilhou".
A pressão de ambos os lados
Whitmarsh comenta também sobre a pressão com a qual, tanto ele, como chefe da equipe e responsável pela escolha por Perez, como o próprio piloto mexicano, terão de suportar em 2013.
"Eu tenho a sorte - ou azar - de ser mais velho e já estou acostumado a essas situações (risos). Li meu obituário várias vezes e posso lidar com isso, por isso não estou preocupado comigo. Eu também não estou preocupado com ele. Temos o inverno para prepará-lo ..."
"Ele vai estar muito menos tempo no México do que ele pensa (risos). Isso significa que ele estará no simulador, com os engenheiros de corrida, com as pessoas da estratégia, ele vai estar com a equipe de engenharia em geral, ele estará, consideravelmente, mais em forma e mais forte do que está hoje"
O fator juventude
O chefe da McLaren também lembrou que o fato de Sergio Perez ser um piloto jovem também é importante e deu exemplos da própria equipe, que foi campeã com Mika Hakkinen, piloto finlandês que chegou ainda muito jovem ao time, e do próprio Hamilton, criado pelo time de Woking para ser campeão mundial pela escuderia.
"Tive alguns dos melhores momentos da minha vida ao trabalhar com Mika (Hakkinen), quando ele era jovem. E nós ganhamos o campeonato mundial com Mika. E com Lewis, quando ele era jovem, por isso estou animado. É um risco assinar com um jovem piloto. Tenha em mente que, quando assinamos com Lewis, ele tinha a mesma idade que Sergio tem hoje, e ele era incrivelmente jovem, incrivelmente cru e incrivelmente talentoso. Agora, quando Sergio chegar à Austrália em 2013, ele chegará com um tipo de pressão que não pode imaginar agora. Se você é um piloto da Ferrari ou da McLaren, o trabalho que você terá é provavelmente maior do que um piloto da Red Bull e, certamente, maior do que na Mercedes ou em qualquer outra equipe. Na primeira corrida, se ele estiver nas duas primeiras filas e brigando por uma vitória, a pressão vai começar a subir. Ele não sabe que ainda ..."
O que Jenson achou?
Para finalizar, Whitmarsh também revelou o que Jenson Button, o outro piloto da McLaren, achou da escolha de Sergio Perez para ocupar o lugar de Lewis Hamilton e que tipo de relação o inglês tem com seu novo companheiro.
"Tenho que dizer que quando eu liguei Jenson para dar a notícia - ele estava no Japão na oportunidade - el deu uma de suas respostas clássicas. Ele disse: 'Sim, você tomou a decisão certa e eu apoio. Estou realmente ansioso por isso. Ele tem algo especial'. Jenson é um cavalheiro, e ele é tão inteligente que eu já disse a Checo para aprender tudo que puder com ele. Mas o fato é que, quando chegarmos à Austrália Jenson vai querer se firmar como o número um da equipe. Tivemos esse debate. E pelo que eu acredito do jeito Sergio de ser, ele vai querer superar a velha guarda. Meu palpite é que eles vão se dar bem juntos, mas é claro que na pista, um vai querer vencer o outro. Acredito que terão uma luta dura no próximo ano"
O que acho disso tudo...
É impossível julgar, no momento, se a escolha da McLaren foi a correta, mas gostei muito do que Whitmarsh disse. Ele está muito consciente da escolha que fez e já parece conhecer bem seu novo pupilo, o que facilitará o trabalho durante a pré-temporada. Parece que ele confia bastante no sucesso do mexicano.
Sergio Perez é, por ora, apenas uma aposta. Uma aposta como seriam Paul di Resta, Nico Hulkenberg, citados por Whitmarsh como outras opções. É, não havia muito o que escolher, visto que pilotos que poderiam fazer algo pela McLaren já estão bem empregados. O time tinha de arriscar. Sendo assim, optaram por aquele que mais impressionou na temporada, com três pódios e um trato especial com os pneus.
Sergio Perez, como disse Martin Whitmarsh, ainda é um piloto cru. Porém talentoso. Se por um lado ele ainda peca, em alguns momentos, por não saber dosar o impeto, cometendo erros bobos, frutos sua inexperiência, por outro ele já provou que pode sim ter sucesso. Não é qualquer piloto que faz o que ele tem feito com uma Sauber. Checo sabe que pode brilhar na F1.
O que o mexicano precisará, a partir de agora, é ser bem trabalhado. A pressão, logicamente, irá aumentar absurdamente. A expectativa para saber o que ele pode render também será enorme. E ele terá de estar bem preparado para não sucumbir como outros. A F1 não dá muitas chances. Por isso, quando surge alguma, o piloto tem de se agarrar à ela para ter sucesso. A boa notícia para Perez é que a McLaren costuma tratar bem suas jovens pérolas. Creio que em Woking ele, se provar que é realmente bom, terá as mesmas chances de Jenson Button, podendo assim superar o companheiro, por que não?
Acredito que Perez esteja no lugar certo para se desenvolver como piloto. Na McLaren, apesar da pressão, terá todas as ferramentas necessárias para evoluir. Mas vai depender muito dele também, de como ele irá se comportar com essa mudança, que não é pequena.
A McLaren faz uma nova aposta. Acertou com Hakkinen, foi bem com Raikkönen e acertou com Hamilton. Vamos ver se Sergio Perez manterá a escrita ou se será apenas mais um a passar por uma das equipes mais tradicionais da categoria.
Fotos: GPUpdate.net
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