Vice em um ano fantástico

Sebastian Vettel foi um campeão merecedor este ano. Não tenho muitas dúvidas quanto a essa afirmação. Ontem escrevi um texto sobre o tricampeonato do alemão (clique aqui para ler) explicando por que penso dessa forma. No entanto, mesmo sem o título, o grande piloto do mundial, para mim, foi Fernando Alonso. E muita gente acha que o espanhol era o merecedor do título. Há quem concorde, há quem discorde. Entretanto, não podemos discordar do seguinte: o que Alonso fez esse ano, poucos fariam.

A temporada de Alonso, dentro da pista, foi fantástica. Com um carro muitas vezes inferior ao dos rivais, principalmente no início da temporada, o espanhol teve de guiar muito, mostrando estar no auge a forma física e técnica, liderando assim boa parte do mundial graças a uma incrível regularidade. Claro que Fernando acabou se aproveitando também da irregularidade de seus principais rivais, McLaren e Red Bull, no caso, que ora faziam corridas boas, ora tinham péssimos desempenhos. É o que os grandes pilotos fazem. E seus números não me deixam mentir.

Em 20 etapas neste ano, Fernando subiu ao pódio em 13 oportunidades, sendo três delas no lugar mais alto (foram ainda mais cinco segundos e cinco terceiros lugares) e tendo pontuado em todas as corridas que terminou, totalizando 18 Grandes Prêmios. Contudo, os dois abandonos que teve, o primeiro na Bélgica, onde não teve culpa, e o segundo no Japão, onde acho que ele forçou um pouco a barra, tiveram seu peso na decisão final. Tivesse terminado ao menos uma dessas provas, acredito que o título teria parado em suas mãos. Mas isso foi o de menos.
No meu ponto de vista, o grande problema do ferrarista foi a própria Ferrari. Não a equipe em si, e sim o F2012. A verdade é que o espanhol pagou pelo fraco carro que o time de Maranello lhe deu. E que aliás, foi o único, porém grande, erro da escuderia na temporada. Os italianos trabalharam muito bem para seu piloto durante todo o ano, tentando compensar. E quase deu certo. Entretanto, a grave falha no desenvolvimento do bólido acabou por ser crucial, no fim das contas. Por mais que a Ferrari tenha conseguido algumas melhorias ao longo da disputa e tenha chegado ainda ao vice campeonato de construtores, o F2012 ofereceu a seu principal piloto poucas oportunidades de vencer. E sabendo das limitações ferraristas, Alonso tentou fazer de tudo para conquistar o tri, não se limitando às corridas apenas...

Durante a temporada, Fernando utilizou todas as armas possíveis para ganhar. Dentro da pista, ele foi soberbo, vencendo quando deu e sendo figurinha carimbada no pódio. Fora, ele tentou outro tipo de jogo: o psicológico. Alonso cobrou melhorias da Ferrari, publicamente, em várias oportunidades, disse que seu principal rival era Hamilton, em dado momento, afirmou que corria contra Adrian Newey e não contra Sebastian Vettel, para tentar cutucar tanto a sua equipe quanto seu rival, elogiou Hamilton, novamente, tentando desestabilizar o adversário... enfim, buscou iniciar uma guerra mental que pudesse se revertesse ao seu favor. Entretanto, não deu certo. Vettel mostrou-se inatingível e acabou o derrotando.

Compartilho da opinião de muitos de que Alonso é o piloto mais completo do grid, e, consequentemente, o melhor. Creio que ele seja o piloto que melhor lê as condições de uma corrida e que melhor se adapta aos diversos cenários que uma prova pode apresentar. Por isso ele conseguiu ser tão regular, subindo tantas vezes ao pódio e vencendo quando teve a oportunidade. É um piloto extremamente inteligente e focado. Um dos melhores que já vi guiando um F1.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que muitos admiram sua pilotagem, essas mesmas pessoas criam uma certa rejeição por ele, pois a imagem que passa é de ser um piloto que está sempre a reclamar, chorando como se diz popularmente, o que não é nenhuma mentira. Mas isso não é uma coisa necessariamente ruim. Apenas mostra que ele não gosta de (e não sabe) perder. Alonso tem dificuldades em aceitar a derrota, demora a engoli-la, a digeri-la. É uma característica comum em alguns campeões que passaram pela F1. Senna, Prost e Schumacher são alguns exemplos. E é exatamente por essa característica que seu campeonato não ficou restrito a pista. Compreensível. Essa é mais uma faceta desse extraordinário corredor.

O título não veio. Entretanto, Alonso deu provas de sua importância para um time como a Ferrari, mostrando que o piloto ainda faz muita diferença em um carro. Ser campeão com um equipamento inferior é um feito que poucos conseguiriam. Alonso bateu na trave. Mas mostrou que é um dos maiores e melhores que a F1 já viu. Ele vai repetir o feito em 2013? Não sabemos. Contudo, o que ele fez dentro das pistas nesse mundial é digno de aplausos. 

Fotos: GPUpdate.net
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