Hamilton e o "e se..."

Já diria o velho e conhecido ditado futebolístico que "o 'se' não entra em campo", ou nesse caso que exemplificarei, na pista. Porém, às vezes não há como não pensar no hipotético, no que poderia ter acontecido. Que o diga Lewis Hamilton, que deve estar com essa expressão atormentando sua cabeça. "And if...".

Digo isso porque acredito que o piloto inglês poderia ter se sagrado bicampeão mundial nesta temporada não fossem os problemas que ele teve com a McLaren. Se (olha ele aí de novo) o time de Woking tivesse trabalhado direitinho, a história poderia ter sido diferente.

Por boa parte do mundial, a McLaren demonstrou ter o melhor carro do grid, tanto que Fernando Alonso, líder de boa parte do campeonato, apontou Lewis Hamilton como seu rival mais perigoso, assim que a F1 voltou das férias de agosto. Logo na abertura do campeonato, a equipe prateada venceu com Button. E nas três primeiras etapas, Hamilton foi ao pódio três vezes, todas em terceiro, conquistando ainda duas poles. Um começo de ano bastante promissor para a escuderia e para Lewis, que vinha de uma temporada difícil.
Todavia, o campeonato estava bastante equilibrado, graças as oscilações de desempenho nas equipes. E a McLaren não escapou disso. Entretanto, veio uma parte muito ruim junto com essas oscilações. O time de Woking passou a ter muitos problemas, mesmo possuindo o melhor carro do grid na maior parte do ano. E essas dificuldades foram as mais variadas possíveis, indo de erros do time a falta de confiabilidade no carro, passando por acidentes e falta de sorte.

No GP da Espanha, por exemplo, Hamilton marcou a pole. Contudo, um erro crasso da equipe, que colocou menos combustível do que o necessário, fez com que Lewis ficasse pelo caminho na volta de desaceleração. E isso lhe custou a eliminação do treino, fazendo com que largasse em último. Foi-se uma pole e uma vitória que parecia certa, que acabou com Pastor Maldonado. Veio um oitavo lugar.

Entre os erros, esse foi o único que considero grave. Contudo, os problemas não terminaram. No ano, Hamilton venceu quatro vezes. Apenas Sebastian Vettel, o campeão, venceu mais do que o piloto inglês. No entanto, Lewis poderia ter vencido mais provas, não fossem os problemas de confiabilidade de sua McLaren, na parte final do campeonato. Em duas oportunidades, Hamilton abandonou uma prova por conta de uma quebra mecânica. E nessas duas vezes, ele liderava a corrida com certa tranquilidade, parecendo rumar para a vitória. Se nenhum desses problemas tivesse ocorrido, a chance do campeonato ter tomado outro rumo seria grande.

Além da falta de confiabilidade dos bólidos prateados (Jenson Button também sofreu com isso) alguns acidentes e incidente impediram que Hamilton fizesse mais alguns pontos. Em Valência, ele e Pastor Maldonado se estranharam. Pior para o inglês, que abandonou nas voltas finais. Na Alemanha, um toque na largada deixou destroços de carros na pista e Lewis acabou passando por cima de alguns, tendo seu pneu furado e caindo para o fundo do grid, abandonando depois. E no Brasil, um toque com Nico Hulkenberg, quando liderava, também lhe tirou da prova. Isso sem contar a barbeiragem de Romain Grosjean na Bélgica, que fez várias vitimas, com Hamilton sendo uma delas. É bom ressaltar que a questão acidentes/incidente é menos relevante, até porque isso é normal em corridas.
Talvez em menor escala, mas certamente contribuindo, esteve também o deterioramento da relação entre Lewis e equipe, principalmente depois de ele anunciar que estava saindo da McLaren para correr pela Mercedes em 2013. Apesar de terem seguido trabalhando bem juntos, especialmente nas últimas provas, ficou um clima bastante esquisito entre piloto e time. Não que isso tenha sido preponderante nos resultados, até porque àquela altura Hamilton já estava longe da disputa. Porém, esse tipo de coisa sempre atrapalha.

Alguns dados curiosos sobre a temporada do inglês: Hamilton não completou nenhuma corrida seguinte a uma vitória. Foram quatro abandonos (Valência, Bélgica, Cingapura e Brasil) após as vitórias no Canadá, Hungria, Itália e EUA; entre os sete primeiros do mundial, Lewis foi quem mais abandonou, deixando de terminar seis etapas; ele foi, ao lado de Kimi Raikkönen, o terceiro piloto que mais frequentou o pódio. Foram sete vezes, mas sem nenhum segundo lugar (quatro vitórias e três terceiros).

Claro que tudo isso não passa de puras e simples hipóteses. O famoso 'se' afetou não apenas a McLaren e Lewis Hamilton. Todos os pilotos e equipes têm suas ressalvas a fazer em relação ao mundial. Mas esse exercício serve para ilustrar também que a McLaren e Lewis tinham potencial para ter conquistado mais nesse ano do que o terceiro lugar no mundial de construtores e o quarto no mundial de pilotos, não tivessem tido tantos problemas. É pra e pensar. "And if...".

Fotos: GPUpdate.net
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1 comentários:

Daniel Machado disse...

McLaren esse ano foi bem irregular mesmo. Quebrou demais, teve hora que o carro não era tão competitivo...