A McLaren perdeu a corrida com um de seus pilotos. Mas venceu com o outro. Em um dia que o time inglês tinha tudo para fazer sua primeiras dobradinha na temporada, teve de se contentar com a vitória de um e com o quarto lugar de outro. Não que isso deixe a equipe triste, mas fica aquele gostinho de que poderia ter sido melhor. E o triunfo de hoje coube à Jenson Button, que não vinha em um bom momento, tendo abandonado os últimos dois GPs
Essa semana realmente deve ter sido muito especial para o campeão mundial de 2009. Hoje, ele completou 200 GPs na F1. Uma história que teve altos e baixos. Considerado uma grande promessa pelos britânicos, quando estreou na categoria, no ano 2000, logo Button se deixou levar pelo mundo glamuroso da F1. E demorou a se encontrar. Mas sempre deu mostras de que tinha talento.
Em 2004, por exemplo, foi o terceiro colocado no mundial pela BAR. Mas ainda lhe faltava alguma coisa. Lhe faltava vencer na categoria. E isso só foi acontecer dois anos depois, na Hungria, mesmo palco de sua vitória de hoje e em condições de clima semelhantes. Prova com pista molhada.
O inglês, boa praça, no entanto, comeu o pão que o diabo amassou por dois anos na Honda. A equipe fez carros muito fracos e a falta de resultados levou os japoneses a deixarem a F1. Porém, eles deixaram um último carro por lá, adquirido por Ross Brawn, que acreditou no projeto. Ele comprou o espólio da Honda e confiou a Jenson Button o posto de primeiro piloto. E essa foi a redenção do inglês, que venceu seis corridas em 2009, conquistando o título.
Vitória de Jenson Button foi muito merecida. Competência e boa leitura da prova foram essenciais |
Campeão do mundo, ele foi para a McLaren. Teria pela frente um grande desafio. Em um time inglês, com um companheiro inglês, campeão mundial, agressivo e que era o queridinho de todos, ele teria de conquistar seu espaço. E o fez. Hoje é respeitado por todos, no grid e na equipe. É um dos grandes.
Não faz muito tempo, escrevi que Button é o melhor segundo piloto da F1. E não mudei de opinião. Hoje ele provou isso, estando pronto para capitalizar o erro de seu companheiro. Por isso creio que a corrida que ele fez hoje reforçou essa tese. Mas também demonstra outro fato. Button é o piloto de melhor leitura das condições de pista no grid. É o mais inteligente neste quesito.
Ele andou boa parte a prova na segunda posição. Em alguns momentos, se aproximava do líder Hamilton. Em outros, se distanciava. Não chegou a ameaçar, mas não era ameaçado também. Mas a corrida caiu em seu colo. Logo no lugar onde cinco anos antes ele tinha vencido pela primeira vez. Logo onde ele completava 200 GPs. Coincidência? Destino? Chame como quiser. Entretanto, nada disso teria acontecido se ele não fosse competente. E se ele não tivesse tido a leitura correta da prova.
Poucas voltas antes, os pilotos haviam feito a terceira parada. Faltavam mais ou menos trinta voltas para o fim. Líder, Lewis Hamilton apostou nos pneus supermacios. Teria de parar mais uma vez, já que os compostos não aguentariam tantas voltas. Button, optou pelos macios, tendo a expectativa de terminar a prova com uma parada a menos que o companheiro, dando assim o famoso "pulo do gato".
Eis que começou a cair uma fraca chuva. Suficiente para molhar alguns pontos e fazer com que o tempo das voltas subisse muito. Button até deu umas escapadas, brigou com Hamilton, ultrapassou, foi ultrapassado. Mas resolveu ficar na pista, enquanto o companheiro entrava nos pits para colocar os compostos intermediários. Uma volta depois, lá estava Hamilton, mudando novamente de pneus. Ali Jenson Button conquistava sua 11ª vitória na F1, em um lugar que sempre vai lhe trazer boas recordações. Dali em diante, só administrou.
Vettel manteve a ponta na largada mas foi ultrapassado por Hamilton poucas voltas depois |
Vitória merecida de um piloto que tem se notarizado por essa leitura diferenciada nas corridas. É bom destacar que, as quatro vitórias de Button pela McLaren (Austrália e China em 2010, Canadá e Hungria em 2011) aconteceram exatamente em condições de pista molhada e clima instável. Button deu um chapéu em todo mundo, nessas oportunidades.
No início do post, disse que a McLaren perdeu a prova com um de seus pilotos e venceu com o outro. E é verdade. O GP da Hungria de 2011 estava todo desenhado para que Lewis Hamilton alcançasse sua terceira vitória no ano, a segunda seguida. E Hamilton fez tudo direitinho por boa parte da etapa. O início agressivo, com uma ultrapassagem sobre Sebastian Vettel nas primeiras voltas, forçando o alemão a errar mostrou que ele não estava pra brincadeira.
A partir disso, liderou com certa folga e fazia um grande trabalho. Até a terceira parada. A McLaren e Hamilton erraram ao voltarem com pneus supermacios. Ele iria ter de parar novamente enquanto os adversários mais próximos, Button e Vettel, não. Lewis teria de andar muito, abrir uma boa vantagem para parar e voltar na frente. E nessa tentativa de voar baixo, errou e rodou. Perdeu a posição para Button e ainda por cima, retornou, desesperado, ao traçado de forma perigosa. Tomou um 'drive through'.
Ainda conseguiu retomar a dianteira, ajudado pela chuva fraca. E errou de novo ao colocar pneus intermediários. Voltou para os boxes, colocou os macios e ainda teve de cumprir a penalização. Caiu pra sexto, e ainda salvou um quarto lugar. Podemos dizer que poderia ter sido pior. Mas, certamente, poderia ter sido muito melhor. Hamilton deixou a vitória lhe escapar por erros próprios.
Em segundo lugar ficou Sebastian Vettel, que não teve o desempenho que dele se esperava. Porém, o alemão segue muito líder. E com muita sorte, se considerarmos que a vitória de hoje ficou nas mãos daquele que seria o seu rival mais distante no campeonato. Vettel terminou a frente de Alonso, Hamilton e Webber, que, teoricamente, ameaçavam mais a soberania do atual campeão do que Button. Contudo, a Red Bull está longe de ter uma folga.
Alonso foi o terceiro, beneficiado pelos erros de estratégia de Webber e Hamilton, que colocaram pneus intermediários e precisaram de uma parada a mais. Mas o dia não foi dos melhores para o espanhol que, em condições normais, não deveria ter passado de um quinto lugar. Saiu no lucro ainda, completando o pódio.
Essa foi a segunda vitória de Jenson Button no ano, na etapa em que marcou sua 200ª corrida na F1 |
Entre os brasileiros, Felipe Massa teve muito trabalho e ficou com o sexto lugar. Não fez uma grande corrida e sofreu com o tráfego. Não conseguiria algo muito melhor. O mesmo se aplica a Rubens Barrichello, 13º. Com o fraco carro da Williams, terminar já foi algo relevante.
A se destacar as boas provas de Paul di Resta, sétimo e Sebastien Buemi, oitavo. O suiço largou em 23º e sempre andou próximo ao top 10. Com alguma sorte, conseguiu um lugar entre os pilotos que pontuam. Além disso, terminou a frente de seu companheiro, Jaime Alguersuari que foi o décimo. Já a Renault Lótus fica como destaque negativo. Petrov foi o 12º e Heidfeld nem completou a prova, vitima de um incendio em seu carro. Estão tentando mesmo queimar o alemão na equipe. Literalmente.
Agora, a F1 faz uma pausa de um mês e volta na melhor pista do calendário, o circuito de Spa Francorchamps, na Bélgica. Com todos prometendo novidades.
Resultado do GP da Hungria
1º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), 70 voltas
2º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 3s5
3º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 19s8
4º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 48s3
5º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 49s7
6º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 83s1
7º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1 volta
8º. Sebastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
9º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1 volta
10º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
11º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1 volta
12º. Vitaly Petrov (RUS/Lotus Renault), a 1 volta
13º. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 2 voltas
14º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 2 voltas
15º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 2 voltas
16º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), a 2 voltas
17º. Timo Glock (ALE/Marussia Virgin-Cosworth), a 4 voltas
18º. Daniel Ricciardo (AUS/Hispania-Cosworth), a 4 voltas
19º. Jérôme D'Ambrosio (BEL/Marussia Virgin-Cosworth), a 5 voltas
20º. Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), a 5 voltas
Não completaram
Heikki Kovalainen (FIN/Team Lotus-Renault)
Michael Schumacher (ALE/Mercedes)
Nick Heidfeld (ALE/Lotus Renault)
Jarno Trulli (ITA/Team Lotus-Renault)
Fotos: GPUpdate.net
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