O nono e último ato de Loeb

Como já era esperado, Sebastien Loeb venceu o Rali da França e conquistou seu nono título consecutivo no WRC. A segunda posição ficou com Jari-Matti Latvala, pouco mais de 15s atrás do francês, enquanto Mikko Hirvonen, companheiro de Loeb fechou o pódio. Estão aí os resultados crus e secos desta etapa do mundial de rali. Vamos então ao que interessa. Vamos a Loeb.

Nesta semana, não fiz os tradicionais posts dia a dia sobre o Rali da França. Deveria ter feito. Deveria ter feito para falar dos outros pilotos. Das boas pilotagens de Latvala e de Thierry Neuville, o quarto, meste fim de semana, de mais uma atuação apenas discreta de Hirvonen, do acidente sofrido por Petter Solberg que lhe tirou da disputas, do desempenho dos brasileiros Daniel Oliveira e Paulo Nobre, enfim do rali em geral. Mas não o fiz. E não o farei agora também, porque não há assunto que chame mais a atenção do que o título de Loeb.

A nona taça veio em um rali irretocável, como de costume. Liderando o evento desde a SS2, Loeb venceu oito das 22 especiais disputadas. E não foi sequer ameaçado durante os três dias de competição. Correndo em casa, na superfície que mais lhe agrada e com um grande carro nas mãos, ele simplesmente passeou, assim como vinha fazendo no campeonato, onde já tinha vencido oito de onze etapas. Simplesmente indiscutível sua gigantesca superioridade neste evento, neste e nos últimos anos. 

Em vários esportes existem aqueles atletas superiores aos demais. Podemos citar casos como o de Pelé, Michael Jordan, Michael Schumacher, Michael Phelps, Usain Bolt, Roger Federer, entre outros. Enfim, todos esses foram ou são grandes gênios em suas modalidades e as dominaram durante determinado período. Contudo, nunca vi nada semelhante ao que Loeb fez.  Nada se compara. São nove temporadas seguidas sendo imbatível. De 2004 a 2012 ninguém foi capaz de superar o francês ao fim da temporada. Alguns até chegaram perto, mas nunca conseguiram vencer o homem que hoje tem 75 vitórias no WRC, sendo que 71 foram neste período de reinado absoluto, em 128 eventos. É algo que parece até surreal, tamanha é a longevidade disso.
Não é a toa que o ex-ginasta nascido em Haguenau transformou-se no maior piloto da história do WRC. E quiçá no melhor também. Mas aí já é - como disse o jornalista Victor Martins em uma discussão semelhante a essa e envolvendo Michael Schumacher - questão de opinião, de gosto pessoal e intransferível. E olha que falamos de uma categoria que teve nomes de peso como Ari Vatanan, Carlos Sainz, Colin McRae, Marcus Grönholm, Juha Kankkunen, Tommi Makinen, Petter Solberg, entre outros, todos campeões. O absoluto domínio de Loeb lhe credencia a esses títulos. E duvido que alguém irá repetir tamanha superioridade perante os rivais nos próximos anos.

Porém, esse foi o último ato do gênio. O eneacampeão já anunciou que não corre a temporada 2013 por completo, participando apenas de alguns ralis e pondo assim um ponto final em sua hegemonia. Será seu 'tour de despedida'. Vai procurar desfrutar dos ralis que lhe restam. E nós também devemos fazer o mesmo, pois serão as últimas chances de vermos alguém tão genial fazendo aquilo que sabe melhor. E gênios como Loeb não aparecem todos os dias.

Hoje, Sebastien Loeb escreveu o último capítulo de sua história no WRC. E fico feliz de ter acompanhado grande parte dele...


Foto: NextGen-Auto.com
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