O GP do Canadá, disputado há dois domingos, teve várias histórias de destaque. A primeira vitória de Sebastian Vettel no circuito Gilles Villeneuve, a grande corrida de alguns pilotos como Fernando Alonso, Jean-Eric Vergne e Paul di Resta, o recorde de 24 GPs seguidos na zona de pontuação alcançado por Kimi Raikkönen, a infeliz notícia da morte de um fiscal atropelado por uma grua durante a retirada de um carro da Sauber, e por aí vai. Para nós brasileiros fãs da categoria, no entanto, outro assunto foi o que mais rendeu: a não transmissão na integra da etapa pela Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão do evento para TV aberta, em detrimento do amistoso Brasil x França, disputado na nova Arena do Grêmio.
Durante a semana da prova muito se foi falado, entre os fãs, sobre o assunto. Vi muitos deles criticando a emissora carioca (e não lhes tiro a razão) pelo tratamento dado à principal categoria do automobilismo mundial e que já é transmitida há décadas pela rede. No domingo, alguns até propuseram a realização de um boicote à "Toda Poderosa", para que eles sentissem, na 'audiência', o desgosto dos fãs com a situação. Uma forma de protesto.
Não cabe a mim julgar o que cada um pensa ou as atitudes que tomam. Contudo, acredito que precisamos sempre analisar os dois lados para termos uma dimensão maior do que acontece.
Como fã da categoria, achei a atitude de não se transmitir a corrida na integra desrespeitosa tanto para com o público, quanto para com os patrocinadores. Estes últimos, no entanto, devem ter tido algum tipo compensação ou acordo, pois a exposição de suas marcas acabou sendo menor.
Voltando ao caso do GP do Canadá, quem acompanhou o restante da prova, teve de recorrer aos famosos streamings para assistir as transmissões de emissoras de outros países. Ainda assim, apenas uma parte dos aficionados tiveram essa chance uma vez que nem todos tiveram a chance de utilizar esse recurso. Eu mesmo não vi a segunda metade da prova porque de uma hora para outra meu PC pifou e meu irmão utilizava o notebook para fazer trabalhos de seu curso. Muitos ficaram na mão também.
Com toda essa situação chata, são válidas sim todas as reclamações feitas. Porém, não vejo uma mudança de comportamento da Rede Globo caso situação semelhante volte a ocorrer. Explico abaixo...
O lado dos fãs
Como fã da categoria, achei a atitude de não se transmitir a corrida na integra desrespeitosa tanto para com o público, quanto para com os patrocinadores. Estes últimos, no entanto, devem ter tido algum tipo compensação ou acordo, pois a exposição de suas marcas acabou sendo menor.
É óbvio que a F1 tem seus fiéis seguidores que correspondem a uma parte, ainda que pequena, da audiência da casa. Sim, nem a Rede Globo nem qualquer outra emissora trabalha apenas com essa fatia do público. Eles têm um olhar geral. Por isso acabam focando nos produtos que correspondem com bons números. Mesmo assim, ainda é um desrespeito.
O grande problema disso tudo, ao meu ver, é o contrato de exclusividade para a transmissão da F1 no Brasil, via TV aberta, que é de propriedade da Globo. Dessa forma, nenhum outro canal pode retransmitir a etapa, deixando os fãs ficam de mãos atadas em situações como essas pois não há outras opções viáveis de transmissão na TV aberta hoje em dia.
Alguém poderia dizer: "mas a Rede Globo possui, via Globosat, três canais dedicados apenas a esportes. Poderiam, pelo menos, passar lá a corrida". Sim, concordo. Fizeram isso, inclusive, no GP dos EUA do ano passado. E deverão fazer o mesmo neste ano. Contudo, essa solução resolve parte do problema, porque nem todos os fãs da categoria têm condições de pagar TV por Assinatura. Ou seja, nem todos poderiam assistir a prova da mesma forma.
O grande problema disso tudo, ao meu ver, é o contrato de exclusividade para a transmissão da F1 no Brasil, via TV aberta, que é de propriedade da Globo. Dessa forma, nenhum outro canal pode retransmitir a etapa, deixando os fãs ficam de mãos atadas em situações como essas pois não há outras opções viáveis de transmissão na TV aberta hoje em dia.
GP do Canadá não foi transmitido na integra no Brasil. Atitude acabou sendo desrespeitosa com os fãs da categoria |
Voltando ao caso do GP do Canadá, quem acompanhou o restante da prova, teve de recorrer aos famosos streamings para assistir as transmissões de emissoras de outros países. Ainda assim, apenas uma parte dos aficionados tiveram essa chance uma vez que nem todos tiveram a chance de utilizar esse recurso. Eu mesmo não vi a segunda metade da prova porque de uma hora para outra meu PC pifou e meu irmão utilizava o notebook para fazer trabalhos de seu curso. Muitos ficaram na mão também.
Com toda essa situação chata, são válidas sim todas as reclamações feitas. Porém, não vejo uma mudança de comportamento da Rede Globo caso situação semelhante volte a ocorrer. Explico abaixo...
O lado da Rede Globo
Por mais que reclamemos da Rede Globo, que repito, é a detentora das transmissões da F1 para TV aberta, creio que seja compreensível a escolha da transmissão do jogo da Seleção Brasileira em detrimento da metade final do GP do Canadá. Um dos argumentos que podem ser utilizados para ilustrar a escolha certamente é a relevância do evento. Um jogo do selecionado canarinho, obviamente, parece ser mais relevante no 'país do futebol' do que a sétima etapa do mundial de F1, ainda mais às vésperas da Copa das Confederações, que acontece por essas bandas. E tal relevância é medida na audiência, que segundo dados do jornalista Ricardo Feltrin, dobrou entre a corrida e a peleja.
Entretanto, a questão não é - apenas - relevância. A Globo, optando por transmitir o jogo Brasil x França, tomou também uma decisão comercial. E esse é um dos pontos principais da discussão. O futebol no Brasil traz mais audiência que o automobilismo, isso é claro. E sabendo disso melhor do que ninguém, a emissora, certamente, daria preferência ao esporte bretão, uma vez que poderiam cobrar cotas de patrocínio maiores neste horário, uma vez que os dados provam que mais pessoas estariam sintonizadas no canal, gerando uma exposição maior das marcas anunciantes. É como se a emissora tivesse dois produtos, pelos quais ela paga, e quisesse capitalizar em cima deles. Colocando-se no lugar da rede de TV, qual você iria expor? Certamente sua escolha seria aquele que possui um apelo maior junto à massa.
Não há como condenar a Globo pela escolha. Como uma empresa, ela viu o que era melhor para ela. Outras fariam o mesmo. Não estou aqui defendendo a "Vênus Platinada". Mas é assim que as coisas funcionam.
Não há como condenar a Globo pela escolha. Como uma empresa, ela viu o que era melhor para ela. Outras fariam o mesmo. Não estou aqui defendendo a "Vênus Platinada". Mas é assim que as coisas funcionam.
Detentora dos direitos de transmissão da F1, Globo acaba fazendo o que quiser com o seu 'produto' |
Só explicando, os números de audiência no país se referem a apenas 4.500 domicílios que possuem um aparelho fornecido pela entidade para que tal medição seja feita, em todo o território nacional - em tempo, li essa matéria aqui que fala sobre a possibilidade de uma expansão no trabalho do instituto. É uma amostragem popular, que, muito provavelmente, não leva em consideração o que eu, ou você assiste. A não ser que você tenha tal aparelho em sua residencia.
Fosse a F1 um produto de grande popularidade, acredito que essa situação teria sido conduzida de outra maneira. No entanto, como a categoria anda em baixa no país, essa decisão não parece ter sido difícil de ser tomada. Por isso creio que qualquer história referente a boicote não seja eficaz.
Não vejo uma solução a curto prazo, caso situações semelhantes voltem a ocorrer porque a transmissão da F1 está presa à Rede Globo. E ela não vai abrir mão dela, ainda mais sendo uma das organizadoras do GP do Brasil e 'parceira' de anos da categoria.
Acho que seria interessante termos um canal dedicado apenas aos esportes na TV aberta, mesmo que controlado pela emissora carioca, detentora da maior parte dos direitos de transmissão de várias modalidades. Contudo, isso é apenas um sonho muito, mas muito distante, que esbarra em questões técnicas, burocráticas e até mesmo de interesse da própria Globo.
Investimentos na transmissão e na divulgação da F1 por aqui também seriam saídas viáveis para uma renovação do público da categoria. Não é só iniciar os trabalhos 20 minutos antes da largada (apesar de que esta iniciativa é bastante válida, como passo inicial) que vai atrair novos fãs 'consumidores' e sim aproximar a modalidade deste novo grupo, apresentar a F1 para a 'nova geração'.
Resta aos fãs torcerem para que casos deste tipo ocorram com raridade. 2014 é ano de Copa no Brasil e a cobertura do mundial deverá ser extensa, tomando espaço de algumas atrações, que acabarão relegadas a um segundo ou terceiro plano. Pelo visto, a F1 corre esse risco, dependendo de seu calendário e da vontade alheia...
Fotos: GPUpdate.net e AudienciaeTV1.Wordpress.com
Então...
Não vejo uma solução a curto prazo, caso situações semelhantes voltem a ocorrer porque a transmissão da F1 está presa à Rede Globo. E ela não vai abrir mão dela, ainda mais sendo uma das organizadoras do GP do Brasil e 'parceira' de anos da categoria.
Acho que seria interessante termos um canal dedicado apenas aos esportes na TV aberta, mesmo que controlado pela emissora carioca, detentora da maior parte dos direitos de transmissão de várias modalidades. Contudo, isso é apenas um sonho muito, mas muito distante, que esbarra em questões técnicas, burocráticas e até mesmo de interesse da própria Globo.
Os fãs da F1 seguirão a mercê da Rede Globo em relação a transmissão das provas, de acordo com o que a emissora definir |
Resta aos fãs torcerem para que casos deste tipo ocorram com raridade. 2014 é ano de Copa no Brasil e a cobertura do mundial deverá ser extensa, tomando espaço de algumas atrações, que acabarão relegadas a um segundo ou terceiro plano. Pelo visto, a F1 corre esse risco, dependendo de seu calendário e da vontade alheia...
Fotos: GPUpdate.net e AudienciaeTV1.Wordpress.com
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