Por trinta segundos ele conseguiu ir para a pista assumir seu lugar no grid. Largou, ganhou uma posição, quase teve a corrida arruinada por demorar para fazer seu primeiro pit, perdeu posições, teve de lutar na pista, mostrou sua conhecida agressividade, ultrapassou e venceu, conseguindo quebrar a hegemonia de Sebastian Vettel e da Red Bull. Lewis Hamilton foi o cara hoje.
Mas a corrida que terminou em sorrisos para o inglês começou dramática. Aliás, toda a dramaticidade foi vivida antes da largada, já que ele sequer sabia se poderia ir para a pista. Isso faltando cinco minutos para o fechamento dos boxes. Um vazamento de combustível colocou a participação de Hamilton em xeque. Os mecânicos da McLaren correram e montaram o carro de forma meio mambembe. Hamilton saiu dos boxes faltando trinta segundos para que ele fechasse. E o resto foi montado em pista, lá no grid mesmo.
Na largada, ele se aproveitou da má saída de Vettel e assumiu o segundo lugar. Vinha fazendo uma boa prova, quando os pneus começaram a fazer diferença. A McLaren demorou para chamá-lo e com isso perdeu as posições para Vettel e para Felipe Massa, ultrapassado ainda na pista. Repetia-se a história de Sepang. Aí, Hamilton de contar com os acertos da McLaren na estratégia e com sua velha amiga agressividade. E. Esse foram os dois fatores fundamentais para sua vitória.
Muito se discutia, antes da prova, quantas paradas seriam necessárias. Alguns pensavam em três, outros diziam que arriscariam duas. E mais uma vez, o quesito tática foi fundamental na prova. Nico Rosberg, quarto no grid, foi o primeiro entre os lideres a parar. No momento de seu pit, ele era muito pressionado por Massa. Só que após todos pararem, ele era o líder. Como assim?
Por ser o primeiro a trocar de pneus, Rosberg fez uma série de voltas rápidas enquanto seus adversários penavam com pneus desgastados. Isso foi suficiente para que ele, além de descontar a desvantagem, pudesse abrir um pouco. Pintava ali como favorito, mesmo sem ter o melhor carro, por ter a melhor estratégia. Acabada a primeira rodada de pits, a McLaren resolveu copiar a Mercedes, antecipando as paradas de seus pilotos. E de fato funcionou.
O que colaborou também foram as estratégias de Vettel e Massa, que preferiram fazer uma parada a menos. Com isso, permaceram na pista por mais tempo e com pneus mais gastos. Foram presas fáceis para um faminto Hamilton, que já havia passado por Button e Rosberg, esses com pneus tão novos quanto os seus. Hoje, o campeão de 2008 soube utilizar sua agressividade, sem gastar tanta borracha. Aos poucos, vai aprendendo a dosar isso e pode se dar muito bem daqui pra frente. E valeu a pena também guardar um set de pneus ontem do Q3. A ideia foi bem aproveitada.
Contudo, não vamos nos iludir com a vitória de Hamilton. Apesar da McLaren mostrar que se aproximou muito da Red Bull, em ritmo de corrida, os austríacos seguem na frente. Prova irrefutável disso foi a corrida de Mark Webber, que logo comento. O que mais contribuiu hoje para o triunfo dos ingleses foi mesmo saber utilizar as paradas para ter a menor perda de desempenho possível. Assim, puderam se manter mais competitivos do que o rival, Vettel no caso.
Quem chamou minha atenção foi Mark Webber. Está certo que ele foi bisonho na classificação ontem, sem conseguir passar do Q1, obrigação para quem tem uma Red Bull nas mãos. Com esse carro, nem que ele andasse de ré poderia ter ficado onde ficou. Mas aconteceu. Não empolgou muito também no início da prova. Parecia que marcaria apenas um ou dois pontos, nada mais. Estava tomando canseira de Perez, Buemi, Barrichello, Petrov, Heidfeld e cia. Entretanto, ele voou na segunda metade da prova e foi buscar um improvável pódio, em terceiro, com volta mais rápida e tudo. Utilizou-se bem dos compostos macios à sua disposição, fez ultrapassagens no final e foi premiado. Se tivesse mais uma volta, passaria por Vettel também. Bela prova de recuperação que pode lhe devolver a confiança, meio abalada nas últimas provas.
O que me chamou a atenção também foi o ritmo da Ferrari. Se nos treinos eles não chegam nem perto de McLaren e principalmente da Red Bull, na corrida têm potencial para brigar por pódios. Hoje provaram isso novamente. Se por um lado Alonso fez uma prova ruim, pifia, por outro Massa mostrou muita combatividade. Terminou em sexto, é verdade, mas com uma estratégia mais arriscada e que não deu certo. Pelo menos para o brasileiro essa prova pode servir para voltar a ter confiança.
E a Mercedes também foi bem, temos de convir. Rosberg liderou e terminou em quinto. Largando em décimo quarto, Schumacher fechou em oitavo, depois de uma bela largada e boas disputas. O carro se encaixou bem nessa pista.
Outros destaques foram Paul di Resta, finalizando mais um aprova na frente de Sutil e nosso mito, Kamui Kobayashi, pontuando mais uma vez, correndo de forma firme e sem perder o gosto pela ultrapassagem.
Como destque negativo, a Toro Rosso. Com dois carros entre os dez primeiros, apenas um finalizou a prova. Buemi foi décimo quarto. Já Alguersuari abandonou depois de parar, porque um mecânico não apertou a roda traseira direita como deveria e ela saiu voando. Vexame. A Williams também foi péssima e novo. Rubinho ainda se esforçou e chegou em décimo terceiro. Já Pastor Maldonado finalizou a prova atrás de uma Lótus, de Heikki Kovalainen e da Sauber de Sérgio Perez, que foi punido duas vezes, em 18º. Aliás, o mexicano foi o rei das barbeiragens hoje. Esperava um pouco mais da Renault Lótus também. Petrov ainda salvou dois pontos, mas a performance, tanto dele, quanto de Heidfeld foram sofríveis.
No geral, a corrida foi muito boa. Fazia tempo a F1 não tinha uma prova tão movimentada assim, cheia de disputas e alternativas. Na China, tanto a asa traseira móvel, quanto os pneus foram dispositivos que funcionaram para deixar a corrida legal. A expectativa é de que em Istambul, as coisas sigam o mesmo padrão. Depois disso, já não sei se funcionará tanto.
A F1 volta a se reunir daqui três semanas, na Turquia, onde muitas novidades deverão ser apresentadas por todas as equipes. Afinal, começará a temporada européia.
Resultado Final
1°. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), 56 voltas
2°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 5s1
3°. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 7s5
4°. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 10s0
5°. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 13s4
6°. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 15s8
7°. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 30s6
8°. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 31s0
9°. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 57s4
10°. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1min03s2
11°. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1min08s7
12°. Nick Heidfeld (ALE/Renault), a 1min12s7
13°. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 1min30s1
14°. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso-Ferrari), a 1min30s6
15°. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes), a 1 volta
16°. Heikki Kovalainen (FIN/Lotus-Renault), a 1 volta
17°. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1 volta
18°. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Cosworth), a 1 volta
19°. Jarno Trulli (ITA/Lotus-Renault), a 1 volta
20°. Jérome D'Ambrosio (BEL/Virgin-Cosworth), a 2 voltas
21°. Timo Glock (ALE/Virgin-Cosworth), a 2 voltas
22°. Vitantonio Liuzzi (ITA/Hispania-Cosworth), a 2 voltas
23°. Narain Karthikeyan (IND/Hispania-Cosworth) a 2 voltas
Não completou
Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso-Ferrari)
Fotos: Twitter Oficial da McLaren (@TheFifthDriver) e Autosport.com
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