Surpresa russa

E Sergey Sirotkin não será o único russo no grid da F1 em 2014 pelo visto. A Toro Rosso surpreendeu e anunciou ontem que o companheiro de Jean-Eric Vergne será o também russo Daniil Kvyat, que compete na GP3 e na F3 Euro, preterindo assim aquele que todos - inclusive eu - apontavam como favorito à vaga, o português Antonio Felix da Costa. É o mundo russo chegando, cada vez com mais força - serão dois pilotos, uma equipe e uma corrida - no circo.

Com apenas 19 anos, Kvyat foi escolhido para a vaga, segundo o consultor da Red Bull, Helmut Marko, por ser um jovem de muito talento. E seus números nas categorias por onde passou até referendam a escolha. Correndo de monopostos desde 2010, Kvyat já foi campeão da Formula Renault 2.0 Alps pela equipe Koiranen Motorsport, no ano passado, além de ter sido vice campeão da Eurocup Formula Renault 2.0, também em 2012. Antes, o russo já colecionava boas passagens por outras competições.

Neste ano, ele é o vice-líder da GP3, onde corre pela MW Arden, com uma pole e duas vitórias. Está atrás apenas do argentino Facu Regalia, com 131 pontos contra 138 do rival, restando apenas uma rodada dupla para o fim do campeonato. Ou seja, ainda tem chance de fechar 2013 com mais um título na bagagem. Kvyat também participou de algumas provas, como convidado, da FIA European Formula 3, com boas performances. Tudo isso mostra que ele tem um bom currículo (mais interessante do que o de Sirotkin) apesar da pouca idade, e que ele pode ser uma ótima aposta da Red Bull para o futuro.

A escolha também tem seu fator político/financeiro, uma vez que a Russia vai entrando cada vez mais no mundo da F1. Em 2014 serão dois pilotos do país em equipes medianas, uma equipe pequena no grid, um conglomerado de empresas do país bancando a Sauber e ainda haverá a estreia de uma etapa por lá, em Sochi. Isso sem contar que Vitaly Petrov ainda trabalha para voltar à categoria. 
Daniil Kvyat ganhou a briga interna dentro do programa de jovens pilotos da Red Bull e estará no grid da F1 em 2014 pela Toro Rosso
Os russos formam um mercado interessante hoje em dia, com empresas ricas e que vão investindo em vários setores, inclusive no esporte. Nunca é demais lembrar que a F1 não será o único evento de grande porte no país nos próximos anos. Em 2014 teremos as Olimpíadas de Inverno por lá, também em Sochi, e em 2018 a Copa do Mundo será sediada no maior país em extensão territorial do globo. Sirotkin e Kvyat, que muito provavelmente pertencem a essas novas famílias ricas do país, parecem representar essa fatia abonada do povo russo. E podem servir de chamariz para um crescimento do automobilismo por lá e também por novos investimentos na categoria.

Tanto do ponto de vista esportivo quanto do político/financeiro, Kvyat parece ser uma boa escolha. Ele já provou nas categorias menores que tem qualidade e que cedo ou tarde teria essa chance. E se conseguir mostrar esse talento pela Toro Rosso, terá também um grande apelo em sua terra natal.

Sim, também acho que esse pulo pode ser um pouco precoce demais. A Toro Rosso só precisará ter paciência com o garoto, pois chegar tão cedo assim à F1 pode ser um baque muito grande em sua carreira. Por mais que ele tenha demonstrado bons resultados em outras categorias, o mundo da F1 é diferente, todos sabem que há muito mais pressão. E ele pode não estar totalmente preparado para isso, ainda mais em uma equipe como a STR que, apesar de ser um bom lugar para que um piloto se desenvolva, sob os olhares atentos da Red Bull, não costuma ficar muito tempo com a mesma dupla devido a demanda de seu programa de jovens pilotos. Se os resultados não aparecem, você perde seu lugar. Que o digam Jaime Alguersuari e Sebastien Buemi, os casos mais recentes.

Mas é preciso dar a chance. O resto é com Kvyat. Que ele saiba aproveita-la, pois parece ter um bom futuro pela frente.

Foto: RedBull.com
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