Não gostei...

Está na pauta da FIA - na mesa de Jean Todt - uma proposta que traria algumas mudanças, digamos, radicais ao WRC a partir de 2014. A ideia apresentada pela promotora da categoria, no caso a Red Bull, seria a de fazer no último dia de cada evento um Super Power Stage, que acabaria definindo a classificação final do top 10, em substituição ao modelo atual.

No tal novo modelo proposto, os ralis seriam disputados da seguinte maneira: nos dois ou três primeiros dias de evento - isso depende de quando é disputada a primeira especial oficial - a fórmula seguiria a sendo a mesma que conhecemos, com a soma dos tempos dos pilotos em cada trecho cronometrado. O que tiver o menor tempo, fica com a liderança. A mudança viria no domingo, com as especiais que são tradicionalmente disputadas no dia sendo substituídas por um Super Power Stage. Nele, os pilotos se enfrentariam em uma batalha de duplas. Assim, o décimo colocado até aquele momento enfrentaria o nono e em disputa estaria a nona posição geral na prova. E assim por diante, até o segundo enfrentar o líder, definindo qual dos dois venceria o rali. O amigo Marcio Kohara destacou essa proposta em sua coluna quinzenal no site Tazio, há quase cinco meses. Recomendo a leitura para um melhor entendimento de todo o caso. Para isso, é só clicar aqui.

Pois bem. Em entrevista ao site da revista inglesa "Autosport", o presidente da FIA, Jean Todt - que foi navegador entre as décadas de 1960 e 1980, disse que a proposta está sob análise, mas que tudo precisa ser feito com calma, pois para tomar uma decisão dessa magnitude ele necessita da certeza de que é a melhor decisão para a categoria.
Sebastien Ogier corre diante de seus compatriotas durante o Rali da França, disputado no último fim de semana
Há também quem apoie e quem é contrário a proposta. Jost Capito, diretor da Volkswagen, é favorável a mudança, pois acredita que ela traria mais entretenimento. Além disso, ele destaca que o piloto, para vencer a etapa, precisaria ser o mais veloz sem cometer erros até o último estágio, o que, convenhamos, pode não acontecer no formato atual se um piloto construir uma boa vantagem e passar a administra-la. Só um adendo: a VW é patrocinada pela Red Bull... Já Marcus Gronholm é um dos que não concordam com tal projeto. São opiniões.

Eu, particularmente, não gostei muito da propositura por entender que não é a forma mais justa de se definir o vencedor de um rali que preza a regularidade nos dias anteriores. Do que adiantaria um piloto se esforçar por dois ou três dias para conquistar uma liderança sólida e que lhe daria uma vitória tranquila nos moldes atuais, se ele vai ter que vencer ainda mais uma especial para acabar na frente? Seria como acontece, por exemplo, no Campeonato Paulista de Futebol, com as equipes se matando por 19 rodadas para ter apenas a vantagem de jogar em casa no 'mata' das quartas de final. Nem a vantagem do empate esses times possuem...

Entendo que essa é uma proposta para tentar tornar o WRC um campeonato mais atrativo do que é atualmente - como bem destacou Marcio em seu artigo, com o qual concordo. Tanto que a ideia é que a Super Power Stage fosse transmitida mundialmente como decisão do rali, numa tentativa de atrair a atenção do público. E admiro essa intenção de se apresentar propostas que visam ajudar na popularização da categoria. Entretanto, não acho que o caminho seja essa mudança tão brusca no regulamento e na competição. Acho que existem outras formas de levar o WRC um nível acima.

Foto: NextGen-Auto.com
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