Entrevista com pilotos - Tony Kanaan

Eis que surge um quadro novo nesse blog. Entrevistas com pilotos é o mais novo projeto desse vos fala, mesmo com o tempo apertado entre o trabalho no jornal e o meu último ano de faculdade. Mas vou me esforçar para que elas aconteçam, gradativamente, e evoluam para quem sabe podcasts e videocasts (seria sensacional!).

Bom, o primeiro entrevistado deste espaço, sem fazer muito mistério, é o nosso queridíssimo Tony Kanaan. Campeão em 2004 na Indy, Tony falou sobre a atual temporada que está em seu final, sobre a categoria, a equipe e mais algumas coisas. Gostaria de agradecer ao Tony pela entrevista e ao seu assessor, Anderson Marsilli, sempre prestativo e que muito auxiliou na possibilidade da entrevista.

Então, vamos à entrevista!

• Bom Tony, qual é a característica do circuito de Homestead e quais são suas expectativas para a última prova do campeonato? Podemos esperar um bom desempenho?

Tony Kanaan: Muitos dizem que as curvas em Homestead são todas iguais, mas posso assegurar que eles estão errados. Isso porque a curva 3 e 4 é extremamente difícil pois prevalece o vento que vem do oceano. Por isso, as curvas 1 e 2 são relativamente mais fáceis de se contornar em comparação as outras. A entrada da curva 3 é a mais crítica, pois o carro fica muito instável por causa do vento e continua assim na 4. A princípio, parece um simples oval, mas, por causa dessa proximidade com o oceano é um circuito difícil. Ano passado, nós andamos muito bem lá e nesse vamos buscar a vitória... Esse é o único pensamento.

• O ano de 2009 não foi muito bom para a Andretti Green e até agora a equipe não conquistou nenhuma vitória. O que faltou esse ano para a equipe deslanchar?

TK: Não é questão de faltar, mas a competitividade da Fórmula Indy faz com que haja um revezamento. Se você analisar, nós ganhamos três campeonatos de 2004 até 2007, e a Penske ganhou só em 2006. A Ganassi venceu no ano passado e agora briga com a Penske. Então, há um certo rodízio devido a esse equilíbrio, quando alguém acha alguma coisa a mais nos acertos, etc. Mas esse ano está sendo difícil para a equipe e particularmente para mim. Então, o segredo é não desanimar e já estamos trabalhando forte para 2010.

• Quais são suas expectativas para 2010, após esse 2009 irregular? Dá pra levar alguma coisa de boa para o próximo ano ou vocês devem se concentrar em um trabalho novo, com cuidado para não cometer os mesmos erros de 2009?

TK: Com certeza. Quando você passa por um ano como 2009, você aprende muito, muito mesmo, as vezes, até mais quando tudo dá certo. Então, já desenvolvemos nosso planejamento para o ano que vem, com uma reestruturação no comando da equipe, então, há muita coisa pela frente, mas com muita perspectiva.

• Esse ano me pareceu que a Andretti Green conseguiu melhorar seu desempenho após a implantação de novidades aerodinâmicas e do sistema Push-to-Pass, na prova do Kentucky e que você já tinha testado em Chicago anteriormente. O que você pode nos dizer sobre essas inovações e em que elas ajudaram durante as provas.

TK: Muito bom... o Push to pass com certeza foi unanimidade entre nós porque melhorou muito a questão de disputas. A Indy sempre inova bastante nesses quesitos e eles são muito bons.

• Sobre a estrutura da Andretti Green, a equipe possui quatro carros e chegou a correr até com cinco, com Franck Montagny. Você acha que isso pode ter influenciado na briga pelo título contra Penske e Ganassi, que possuem apenas dois carros ou isso não influenciou?

TK: Não, de maneira nenhuma. Já corremos com quatro carros desde 2003, então já fomos campeões assim. Pelo contrário, quando temos 4 carros são mais informações que conseguimos na pista.

• E como a equipe deverá vir para 2010 comandada apenas por Michael Andretti, já que a sociedade com Kim Green e Kevin Savoree acabou?

TK: Então, houve essa reestruturação visando dividir a parte de competições com a promotora de corridas e isso vai nos ajudar em ambos os lados. O Michael foi o cara que me contratou em 2003 e conhecendo bem ele vamos fazer de tudo para voltarmos a brigar pelo titulo em 2010.

• Como é seu relacionamento com os membros da equipe?

TK: Não sou só o piloto da AGR, faço parte da família. Estou na equipe desde que ela começou em 2003 e conquistei o primeiro titulo. Conheço todo mundo que trabalha na sede em Indianápolis e os que vão para a pista, além de patrocinadores etc. Meu relacionamento é como se estivesse em casa.

• E com seus companheiros? Danica Patrick é a queridinha da categoria, o Marco Andretti é o filho do dono e o Hideki Mutoh tem o apoio da Honda. Como você se sente em relação a eles?

TK: Muito bem.... sempre me dei bem com meus companheiros de equipe. Tenho uma característica de ajudá-los no que for possível e eles me ajudam também. Me dou bem com os três, assim como foi com o Bryan Herta, Dario (Franchitti) e o Dan (Wheldon). Somos amigões até hoje.

• E como é seu relacionamento com outros pilotos, brasileiros ou não?

TK: A gente vive competindo na pista, mas, fora dela, o relacionamento é muito positivo. Você vê nesse ano que a Penske me salvou no incêndio do meu carro, quando virei o Homem Tocha. Então, a gente compete na pista, mas somos amigos fora dela.

• Esse ano, além de não ter tido um carro competitivo você parece ter sofrido com outros problemas. Não quero dizer que foi azar, mas em duas situações você pelo menos passou por maus bocados. O primeiro foi o acidente em Indianápolis e o segundo o problema em Edmonton quando seu carro pegou fogo no reabastecimento. O que você pode nos contar sobre os dois episódios?

TK: Nem quero mais falar desses episódios... já virei a página. O ano já está praticamente acabado, mas o meu objetivo é lutar pela vitória em Miami, na minha casa. Então, as coisas ruins a gente deixa de lado, já foi!

• Tem algum outro acidente que você se recorda como o mais feio de sua carreira? Me lembro de um em Detroit, se não me engano em 2000...

TK: Detroit, Japão e o de Indianápolis desse ano, quando bati no muro após quebrar algo na suspensão traseira. Embora não tenha sofrido conseqüências iguais aos outros, foi uma das piores pancadas que já dei.


• Sobre sua carreira, você competiu de kart e de Fórmulas Ford e Chevrolet no Brasil e foi para a Europa disputar a Fórmula Opel, Alfa Boxer e F-3 italiana. Logo depois foi para a Indy Lights nos EUA, em uma época em que a CART crescia bastante e tinha vários pilotos brasileiros. Foi isso que te motivou a deixar a Europa e tentar a sorte nos EUA?

TK: O que me levou para os EUA foi a oportunidade de correr. Não tinha como escolher. Não tinha como pagar e queria viver profissionalmente do automobilismo. Por isso, fiz a seletiva da Marlboro, passei e ali iniciou a minha carreira aqui.
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